Tumor de pulmão é o tipo de câncer
que mais mata no país.
Um estudo recém-lançado pelo Instituto Oncoguia traçou o panorama do câncer de
pulmão no Brasil. Os dados apresentados mostram evolução principalmente na luta
contra o tabagismo, responsável por cerca de 85% dos casos deste tipo de tumor,
mas também desafios importantes para o futuro, principalmente em relação ao
diagnóstico precoce, notificação dos casos da doença e investimento em
pesquisas.
O tumor de pulmão é o tipo de câncer que mais mata no país. Dois dos fatores
que contribuem para esse cenário, segundo a oncologista Clarissa Mathias são a
subnotificação dos casos e o diagnóstico tardio da doença, o que resulta no
alarmante dado de que 92% dos casos decorrem em morte, conforme apontou o
levantamento.
“Os dados do Panorama do Câncer de Pulmão mostram que há um grande déficit em
relação a notificação de casos no país, o que nos impede de ter uma visão mais
clara e ampla do problema para combatê-lo. E, quando identificados, chegam nos
hospitais em estágio onde já não é possível de ser tratado”, diz a
especialista, que é também presidente do Comitê Internacional da Sociedade
Americana de Oncologia Clínica (ASCO).
Os números comprovam a fala da médica. Em 2016, 86,2% desses pacientes já
apresentavam estágios avançados da doença, o que diminui as chances de cura
consideravelmente. No Nordeste, a situação é ainda pior, como aponta Clarissa.
Em Sergipe, por exemplo, 100% deles estavam nessa situação.
Para ela, apesar de ter incidência menor do que em outros países, como os
Estados Unidos, no Brasil o câncer de pulmão é responsável por muito mais
mortes. “É essencial ampliar as ações de conscientização da população em geral
por meio de campanhas informativas sobre as causas da doença, hábitos nocivos à
saúde e estimular o entendimento da importância do diagnóstico precoce. Além
disso, precisamos incentivar pesquisas clínicas no país, que podem ajudar a
ampliar o acesso ao tratamento”, ressalta a oncologista.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), apenas 24,6% dos casos
são notificados no país. Estimativas apontam a ocorrência de 28.220 novos casos
atualmente, porém, o Registro Hospitalar do Câncer (RHC) tem oficialmente
listados apenas 6.915.
A Tabagismo ainda é a principal causa de câncer.
O tabagismo continua sendo o maior responsável pelo câncer de pulmão no Brasil
e no mundo. Aliás, não apenas deste tipo de tumor: em 2017, segundo o INCA,
73.500 pessoas foram diagnosticadas com algum tipo de câncer provocado pelo
tabagismo no país e 428 pessoas morrem diariamente no país por conta dele. O
instituto aponta ainda que mais de 156 mil mortes poderiam ser evitadas
anualmente se o tabaco fosse evitado.
Em 79% dos casos de câncer de pulmão, por exemplo, os pacientes eram fumantes,
ou ex-fumantes. Apenas 21% nunca tiveram contato com o tabaco.
O Brasil foi recentemente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
como um exemplo no combate ao cigarro. O país tem um dos menores índices de
fumantes do mundo, cerca de 10% da população acima de 18 anos, segundo o
próprio INCA. Mesmo com os avanços, os desafios não param de chegar.
No Espírito Santo, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o
câncer de pulmão está entre os cinco tipos de câncer mais comuns entre homens e
mulheres diagnosticados com a doença. Entre os homens capixabas é o segundo
mais comum (6%) e entre as mulheres, é o quarto (3,9%). Para maior prevenção e
diagnóstico precoce da doença, o conhecimento e o acesso à informação são
fundamentais.
A oncologista clínica Juliana Alvarenga, do Centro Capixaba de Oncologia,
explica que é comum as pessoas verem o câncer de pulmão como uma doença de
pessoas mais velhas. “Realmente a incidência é maior em pessoas com idade mais
avançada, mas também pode ocorrer em pessoas fora dessa faixa etária, por isso
indicamos o rastreamento para indivíduos com risco elevado de câncer de pulmão,
sobretudo os que têm ou já tiveram relação com o tabagismo”, explica a
oncologista.
A chegada do cigarro eletrônico, que tem conquistado principalmente os jovens,
está entre os pontos de alerta para a sociedade mencionados pelas
especialistas. “Nós vemos novas formas de tabagismo chegando, como esse
dispositivo tecnológico, por exemplo, que tem atraído principalmente os
adolescentes, pelo formato, pela novidade e pela falta de informação também
sobre o impacto nocivo deles. Então, estamos vendo uma geração que tinha
largado o cigarro, voltar para versões digamos, mais modernas, do mesmo mal”,
afirma Clarissa.
Parar de fumar, alertam as médicas do Grupo Oncoclínicas, é a forma mais eficaz
de se prevenir contra o câncer de pulmão, além de diversas outras doenças e
tumores.
Fonte: https://www.folhavitoria.com.br/saude/noticia/09/2019/cancer-de-pulmao-esta-entre-os-tipos-mais-comuns-entre-homens-e-mulheres-no-estado
Da Redação Multimídia
Departamento de Jornalismo (com informações: Folha Vitória)
Kairós FM